Artigo Dr. Renan Vicente Sohn – Mulheres também devem consultar um urologista

Outubro é considerado um mês importante para conscientização das mulheres quanto aos cuidados com a saúde. E isso vai além do “Outubro Rosa”, que é uma referência ao câncer de mama. É um momento propício para falarmos da saúde da mulher como um todo, especialmente no âmbito da Urologia.

Existe uma falsa ideia de que o urologista cuida apenas do aparelho genital masculino. No entanto, percentualmente, as mulheres representam a maioria dos atendimentos nesta especialidade. E por uma questão muito simples: a Urologia trata as doenças do aparelho urinário de ambos os sexos.

O que acaba confundindo um pouco as pessoas é o fato de que o urologista cuida de problemas relacionados ao aparelho reprodutor masculino, o que no caso das mulheres é especialidade do ginecologista.

Quando dizemos que o urologista trata de doenças do aparelho urinário, estamos falando de problemas que afetam também rins e bexiga. Portanto, incluem-se, por exemplo, cálculos renais, incontinência urinária, cistites, que afetam homens e mulheres.

Elas, no entanto, estão mais suscetíveis a problemas urinários por conta de alterações no sistema urinário durante a gravidez, no parto e com a chegada da menopausa. Um estudo da revista Neurourology and Urodynamics comprova isso ao mostrar que a prevalência de sintomas relacionados ao sistema urinário como a urgência ou necessidade de urinar, maior frequência de idas ao banheiro durante à noite, entre outros é maior entre as mulheres (82%). Os problemas mais comuns relatados foram a bexiga hiperativa e a incontinência urinária.

São dados que reforçam a importância de as mulheres consultarem um urologista regularmente.

Entre os principais motivos que levam a mulher a precisar de um urologista, a infecção urinária – ou Infecção do Trato Urinário (ITU) – está entre as mais comuns. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% das mulheres vão apresentar o problema em suas formas leves ou graves em algum momento da vida. Além disso, elas têm 50 vezes mais chance de desenvolvê-la do que o homem. E estima-se que 17% a 20% das gestações podem apresentar alguma complicação devido à infecção do trato urinário.

Caracterizada pela presença anormal de microrganismos patógenos, em muitos casos a infecção urinária pode desaparecer sozinha, mas é importante o tratamento adequado, pois quadros agudos podem levar a problemas mais sérios, inclusive afetando os rins.

Outra ocorrência bastante comum é a incontinência urinária, que acomete cerca de 40% das mulheres. A Sociedade Brasileira de Urologia calcula que 10 milhões de brasileiros, de todas as idades, terão o problema, sendo mais comum nas mulheres, especialmente grávidas e idosas.

E há que se falar ainda da Síndrome da Bexiga Dolorosa, também conhecida como cistite intersticial. A doença atinge pessoas com média idade de 40 anos, sendo predominante em mulheres (cerca de 90% dos casos), segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

Em todos os casos as mulheres deve estar atentas aos sintomas que podem ser indicativos dessas doenças. De incômodos leves a dor, ardência, perda involuntária, dificuldade ou vontade incontrolável de urinar, é preciso consultar um urologista para o diagnóstico correto.

No mais, vale lembrar de alguns hábitos que colaboram para que tenhamos um sistema urinário mais saudável e em bom funcionamento, como a diminuição da ingestão de sal, beber água regularmente, independentemente de ter ou não sede, ter uma alimentação saudável e fazer exercícios físicos.

 

Renan Vicente Sohn é médico urologista no Hospital H-Bento

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